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“Ainda Estou Aqui” e a repercussão de uma vitória histórica no Oscar

Após conquistar o primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional para o Brasil, “Ainda Estou Aqui” segue gerando debates sobre a memória histórica e o cinema nacional

A vitória de “Ainda Estou Aqui” no Oscar de 2025, conquistando o prêmio de Melhor Filme Internacional, reverberou como um marco histórico para o cinema brasileiro. Com direção de Walter Salles, o filme, que retrata a luta de Eunice Paiva (vivida por Fernanda Torres) para entender o desaparecimento de seu marido durante a ditadura militar, rapidamente se tornou o centro de discussões sobre a representação da memória histórica e o papel da arte na reconstrução de narrativas coletivas.
Esta foi a primeira vez que o Brasil levou a estatueta na categoria, quebrando uma barreira que parecia intransponível desde a criação do prêmio. “Ainda Estou Aqui” não só conquistou o prêmio principal, mas também gerou um turbilhão de reações tanto dentro quanto fora do país, destacando a importância da obra como um símbolo da resistência e da luta pela verdade e pela justiça.
O impacto imediato da vitória foi evidente nas comemorações que tomaram as ruas durante o Carnaval brasileiro, mas a reflexão sobre o prêmio se expandiu rapidamente para além das festividades. Especialistas em cinema e historiadores apontaram a relevância do filme para a atualidade, destacando o modo como ele articula, de forma sensível e poderosa, o período da ditadura militar, um tema ainda muito relevante e sensível no Brasil.
Dentro do cinema brasileiro, “Ainda Estou Aqui” vem sendo visto como uma das produções mais significativas desde “Cidade de Deus” (2002). Aplaudido por sua força narrativa e pela atuação impactante de Fernanda Torres, o filme também se tornou um ponto de discussão sobre a representatividade do Brasil no cenário global e sobre o que significa para um filme nacional receber tal reconhecimento.
O prêmio também gerou debates sobre o papel das artes na política. A vitória foi celebrada por muitas figuras públicas, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a descreveu como um símbolo da resistência democrática, essencial para o fortalecimento da memória coletiva do Brasil. Este gesto de valorização artística e histórica coincide com uma série de eventos políticos e sociais que ainda refletem os desafios do Brasil na superação das marcas deixadas pela ditadura.
Por outro lado, o filme também trouxe à tona uma série de discussões sobre o papel do cinema em tempos de polarização. Alguns críticos alertaram para a necessidade de olhar para o futuro com a mesma profundidade com que se observa o passado. “Ainda Estou Aqui” não é apenas uma obra que remonta a um período conturbado da história brasileira, mas um convite a pensar sobre a construção de uma identidade coletiva para as novas gerações.
Além das indicações de Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui” foi premiado com o Globo de Ouro de Melhor Roteiro e o prêmio de Melhor Atriz na Mostra de Veneza. Com essa projeção internacional, a produção reafirma o crescente protagonismo do Brasil no cenário cinematográfico mundial.
Hoje, mais de uma semana após a cerimônia, a vitória de “Ainda Estou Aqui” continua a ser discutida nos meios de comunicação e em espaços culturais. O que parecia ser uma celebração efêmera se transformou em uma reflexão mais profunda sobre o papel das narrativas na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
No fim, a vitória de “Ainda Estou Aqui” não só trouxe uma estatueta histórica para o Brasil, mas também gerou um importante debate sobre memória, resistência e a capacidade do cinema de dialogar com os tempos atuais. E a repercussão desse feito, longe de se dissipar, segue alimentando conversas sobre a importância da arte como ferramenta de reflexão e transformação social.
Jornal O Comunitário – Da Redação/Conteúdo
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