Saúde
Cáceres à beira do colapso no “combate” às endemias; A “falta” de agentes de saúde é uma “emergência”

O município enfrenta uma grave escassez de profissionais para combate à dengue, chikungunya e zika, e as ações emergenciais do governo estão aquém da necessidade

A cidade de Cáceres, maior município da região Oeste de Mato Grosso, enfrenta uma crise sanitária crítica. A falta de Agentes de Combate a Endemias (ACE) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para o controle e prevenção de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – como dengue, chikungunya e zika – coloca em risco a saúde de sua população. Enquanto o Brasil enfrenta uma crescente ameaça da dengue, que já resultou em milhares de casos em todo o país, a situação em Cáceres é igualmente alarmante e exige respostas imediatas e eficazes.
O município registrou entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, 4.933 casos de dengue, 4.506 de chikungunya e 1.087 de zika. Estes números indicam uma média de 411 infectados por mês apenas com a dengue, situação que, somada à escassez de agentes de endemia, se traduz em um cenário de grande vulnerabilidade para a população. O problema é claro: a cidade, com uma população de cerca de 90 mil habitantes, tem um número de agentes insuficiente para o controle das doenças, conforme os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Para atender adequadamente a esse contexto, Cáceres deveria contar com 53 ACE, mas atualmente dispõe apenas de 29, sendo que 5 estão afastados.
A justificativa para essa falta de profissionais não se resume à escassez de recursos, mas à má gestão dessa problemática sanitária. A Secretaria de Saúde do município, ciente da gravidade da situação, anunciou a realização de um processo seletivo para ampliar o quadro de agentes. O secretário de Saúde, Cláudio Henrique Donatoni, se comprometeu a contratar 120 agentes de saúde e pelo menos 19 novos ACE, totalizando 48 profissionais, mas essa resposta emergencial ainda está longe de ser suficiente para lidar com a magnitude do problema. A contratação de novos agentes, embora necessária, não resolve por completo o quadro, pois o que se requer é uma política de saúde pública mais robusta e estruturada, com planejamento preventivo e ações constantes.
O vereador Cesare Pastorello, que acompanha de perto as questões de saúde no município, argumenta que, conforme as normativas do Ministério da Saúde, é necessário um número muito maior de ACE, tanto em função da população quanto da quantidade de imóveis a serem monitorados. Para uma cidade de 90 mil habitantes, seriam necessários ao menos 36 ACE, considerando a média de dois agentes a cada 5 mil habitantes, e 38, considerando a quantidade de imóveis e a infestação do mosquito. Além disso, a cidade de Cáceres, sendo uma cidade de fronteira, tem uma particularidade que exige mais profissionais, conforme os parâmetros de financiamento do Governo Federal.
No entanto, a situação não é exclusiva de Cáceres. A epidemia de dengue, que já afeta diversas regiões do Brasil, se reflete em números alarmantes e, em muitos casos, as prefeituras enfrentam a mesma dificuldade de estrutura para combater a proliferação do mosquito. O país vive um surto nacional, com os números de casos de dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti subindo vertiginosamente. Este contexto coloca em evidência a falência de políticas públicas eficientes, além de destacar a falha generalizada de investimentos em saúde preventiva, que deveria ser prioridade nas esferas municipais e estaduais.
As ações anunciadas pela Secretaria de Saúde, como mutirões de limpeza e o redirecionamento de serviços de “cata-trecos”, embora importantes, são medidas paliativas e não substituem a necessidade urgente de um plano de combate à endemia que seja eficaz e sustentado. O que Cáceres precisa, mais do que de promessas, são soluções concretas e imediatas. A situação exige mais que um aumento no número de agentes; exige a construção de um sistema preventivo que evite novos surtos e garanta que a população tenha acesso à prevenção e ao tratamento necessários.
É inaceitável que, em meio a uma crise que coloca a saúde de milhares de pessoas em risco, a solução proposta seja um processo seletivo, com contratação de novos agentes que, embora bem-vindos, não são suficientes para sanar a situação. O combate à dengue, chikungunya e zika não é um problema a ser “sanado”, mas uma questão que exige enfrentamento constante, com ação articulada entre os diferentes níveis de governo.
As consequências de uma falha no combate às endemias são sérias e não podem ser subestimadas. Embora ainda não se possa falar em uma pandemia, os surtos constantes e o número crescente de casos revelam a gravidade da situação, que pode se transformar em uma epidemia se não houver uma resposta adequada. O impacto sobre a saúde da população, especialmente entre as crianças, idosos e pessoas com comorbidades, pode ser devastador, afetando diretamente a qualidade de vida e, em casos mais graves, levando à morte.
Cáceres, como muitas outras cidades no Brasil, precisa urgentemente de uma estratégia de saúde pública que vá além do atendimento emergencial e enfrente “de frente” o desafio das endemias. O momento é crítico, e a população não pode mais esperar por respostas que não chegam. O que está em jogo são vidas humanas, e o tempo para agir é agora. Sobremaneira, que o secretário Cláudio Henrique Donatoni, entenda, ainda mais – que a saúde dos cidadãos não pode ser tratada como um compromisso distante ou uma prioridade de segundo plano. E, que cada dia perdido significa mais vidas em risco, ou seja: a cidade precisa de ações concretas, com planejamento sério e recursos adequados, para enfrentar de fato a crise das endemias. A sociedade já demonstrou sua paciência, e agora exige resultados reais. O Secretário de Saúde, Cláudio Henrique – tem a responsabilidade de agir com urgência e efetividade, pois a saúde de Cáceres não pode continuar abaixo do esperado!
Jornal O Comunitário – Da Redação/Conteúdo Expressão
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