Educação
CEOM em Cáceres-MT é uma usina de criatividade porque o novo sempre vem!
A “vida como obra de arte, elaborada com um compromisso ético e estético com nossa pluriculturalidade”
A banda ON-Z da E.E.O.M. é um bom exemplo da perspicaz observação do mestre Belchior, quando, à queima-roupa, desferiu a sentença: “É você que é malpassado e que não vê. Que o novo sempre vem”. Sabe, na formatura do CEOM, realizada no último dia 12 de dezembro, no Iate Clube-Cáceres-MT, onde 13 turmas do terceiro ano terminaram o Ensino Médio, pelo menos, duas questões ficaram bem evidentes.
Primeiro questão, apesar da SEDUC-MT, sabotar a dignidade dos profissionais da educação, lhes obrigando a fazer cursos incompatíveis com a realidade educacional de cada unidade escolar e, ainda, fazer alunos perderem tempo, para ingressar em plataformas desconectadas das demandas do mundo contemporâneo, tudo para atender ao lucrativo negócio da plataformização do ensino, os profissionais da educação, mesmo esgotados do excesso de trabalho burocrático, souberam inventar uma realidade educacional marcada pela criatividade dos projetos e apresentações de trabalhos relevantes, feitos pelos próprios discentes, sob a orientação atenta dos docentes e, sobretudo, implementar, uma prática pedagógica dialógica, capaz de respeitar a idiossincrasia de cada aluno.
Segunda questão, e talvez a mais importante, foi protagonizada pelos próprios alunos, que, paradoxalmente, não obstante serem nativos digitais, preferiram engajar em atividades totalmente fora do mundo on-line, como teatro, sarau, dança, esporte, desfile, música, sem falar no rico cenário sinestésico de conhecimento, desenhado pelas feiras científica, gastronômica e cultural.
Mais do que toda homogeneização tecnocrata do material estruturado, aplicado de forma insensível nos 142 municípios de MT, ou ainda pior, da plataformização da educação, com uma prática pedagógica anódina e inócua, os alunos querem uma poesia da vida na qual a escultura de si, é pensada a partir da vida como obra de arte, elaborada com um compromisso ético e estético com nossa pluriculturalidade, até porque, não somos apenas simples marionetes do poder, pois, temos ciência da arte de poder mudar o mundo.
Obviamente, que nenhum profissional da educação responsável, é contra a automação eficiente, porém, só para lembrarmos de uma máxima de Bill Gates, ou seja, de quem realmente entende de automação: “a primeira regra de uma tecnologia utilizada nos negócios é que a automação aplicada a uma operação eficiente aumentará a eficiência. A segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumentará a ineficiência”. Assim, sem qualquer trocadilho jocoso, até uma caneta, quando bem utilizada, pode ser uma tecnologia de ponta.
O conhecimento mais útil, pode estar na paciência artesanal de uma professora de matemática, quando compara o aumento de impostos municipais em tabelas tributárias; na atenção da professora de geografia, demostrando a partir de gráficos climáticos confiáveis, o significativo aquecimento global; na coragem do professora de biologia, quando observa a maior incidência de intoxicação animal é até humana, em decorrência do uso abusivo de agrotóxicos, nomeados pelo agronegócio, com o eufemismo de defensivos agrícolas; na sensibilidade do professor de educação física, ao ensinar aos alunos, que dança é poesia escrita com o corpo; na criatividade do professor de química, ao transformar a alquimia do conhecimento experimental produzido no seu laboratório, em consistente saber empírico; na perseverança do professor de história, quando demostra os perigos dos fundamentalismos político e religioso; no atrevimento do professor de sociologia e filosofia, ao fazer perguntas desconcertantes à educação bancária, que, sistematicamente, busca nos homogeneizar e dilacerar o respeito à nossa alteridade cultural; na transparência da professora de literatura e português, ao mostrar através da ficção, que, outros mundos são possíveis e, sobretudo, da importância da capacidade de se bem comunicar, para o bom desempenho de toda vida cotidiana; no gesto político do professor de espanhol, ao demostrar a pertinência deste idioma para nós latino-americanos; em todo esforço cultural do professor de inglês, que, através do teatro shakespeariano, faz o aluno pensar na condição humana.
Por tudo isto, temos sempre que lembrar: o maior capital de um país, é o capital intelectual, pois, este, gera todos os outros capitais. Uma perspectiva de ensino dialógica nos obriga a sempre observar os alunos, porque eles estão gritando por uma educação mais humanizada! Não querem as plataformas impostas por tecnocratas insensível e, principalmente, desconectados da sala de aula e do novo mundo contemporâneo, inventado também pelos próprios alunos, enfim, a boa educação é, literalmente, invenção da unidade escolar, a partir da sensibilidade e dedicação dos profissionais da educação e do protagonismo discente.
Jornal O Comunitário – Da Redação/Rubens Gomes Lacerda – Mestre em História pela UFMT
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Carlos Cintra
23 de dezembro de 2024 at 12:53
Parabéns a esse grupo de jovens, essa menina canta demais, mas tem um gordo que quer aparecer mais do que o grupo. Ele passa toda hora na frente desses jovens, ofuscando seu brilho, é pra caba..