Saúde
Hoje, dia 17 de setembro comemora-se o Dia Mundial da Segurança do Paciente
A insegurança no atendimento é um problema significativo de saúde pública, afetando milhões de pacientes globalmente
Este ano, a campanha tem como tema “Melhorando o diagnóstico para a segurança do paciente”, acompanhado do slogan “Faça certo, torne seguro”.
A OMS destaca a gravidade dos erros de diagnóstico, que são responsáveis por quase 16% dos danos evitáveis nos sistemas de saúde.
A insegurança no atendimento é um problema significativo de saúde pública, afetando milhões de pacientes globalmente. Estudos mostram que, em média, 12% dos pacientes sofrem danos em diferentes contextos de atendimento médico, evidenciando que mais de um em cada dez pacientes é impactado por eventos adversos resultantes de cuidados inseguros. Aproximadamente 12% desses eventos adversos causam incapacidade permanente ou morte. Além disso, quase 50% dos danos causados por cuidados inseguros foram considerados evitáveis.
Estima-se que anualmente ocorram 134 milhões de eventos adversos em hospitais de países de baixa e média renda, contribuindo para cerca de 2,6 milhões de mortes. Globalmente, 1 em cada 20 pacientes sofre danos evitáveis causados por medicamentos, evidenciando um desafio significativo em todos os sistemas de saúde. Mais da metade, ou seja, 53%, desses danos ocorre durante a fase de prescrição, o que destaca a necessidade urgente de aprimorar as práticas de segurança relacionadas aos medicamentos.
Nas Américas, a segurança do paciente foi reconhecida como uma prioridade nas políticas nacionais de saúde em 57% dos países. Mais da metade desses países estabeleceu padrões mínimos de segurança para suas instalações de saúde, e há uma base sólida em programas de controle de infecção e segurança dos medicamentos.
Causas de mortes no mundo
A doença cardíaca isquêmica lidera as estatísticas globais de mortalidade, responsável por 13% do total de mortes no mundo. Em 2021, essa condição resultou em 9,1 milhões de mortes. O COVID-19 ficou na segunda posição, com 8,8 milhões de mortes registradas no mesmo ano.
Na sequência, o acidente vascular cerebral (derrame) e a doença pulmonar obstrutiva crônica foram as terceira e quarta principais causas de morte em 2021, correspondendo a aproximadamente 10% e 5% do total de mortes, respectivamente.
Realidade no Brasil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório alarmante sobre o aumento global de erros médicos. No Brasil, o Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar, publicado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), revela que cinco pessoas morrem a cada minuto no país devido a erros médicos, totalizando quase 55 mil pacientes por ano.
Desde 2013, o Ministério da Saúde estabeleceu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, que inclui protocolos básicos essenciais para garantir a segurança dos cuidados, como: identificação correta do paciente, cirurgia segura, prevenção de úlceras por pressão, higiene das mãos em serviços de saúde, prevenção de quedas e segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos.
No entanto, muitos estabelecimentos ainda falham em implementar esses protocolos de forma eficaz. Problemas como a falta de medição de indicadores, a ausência de acompanhamento da adesão dos profissionais aos protocolos, a inadequação da infraestrutura para fornecer cuidados seguros e a insuficiência de profissionais continuam a ser desafios significativos.
O papel dos pacientes e famílias na redução de erros médicos
Os familiares e paciente podem ajudar a reduzir as falhas médicas? Sim. Pacientes e suas famílias podem, de fato, contribuir para a redução dos erros médicos. O diagnóstico correto e oportuno depende de uma colaboração eficaz entre pacientes, familiares, cuidadores, profissionais de saúde, líderes de assistência médica e formuladores de políticas.
O envolvimento e a capacitação dos pacientes são ferramentas essenciais para melhorar a segurança no atendimento. Pacientes, familiares e cuidadores podem atuar como observadores atentos da condição do paciente e alertar os profissionais de saúde sobre novas necessidades ou mudanças no quadro clínico. Com informações adequadas e uma comunicação clara, eles podem ajudar a ser os “olhos e ouvidos” do sistema de saúde.
No entanto, muitos países, especialmente os de baixa e média renda, como o Brasil, ainda enfrentam desafios significativos na implementação dessas práticas. Em muitos casos, pacientes não têm a oportunidade de expressar plenamente seus sintomas ou preocupações durante as consultas, muitas vezes sendo interrompidos pelos médicos. Como resultado, podem acabar aceitando diagnósticos incorretos ou inadequados. Essa realidade destaca a necessidade urgente de melhorar a comunicação e o envolvimento do paciente no processo de cuidado para garantir diagnósticos mais precisos e seguros.
Uma das ferramentas que muitas instituições tem adotado para reduzir estas falhas é o processo de acreditação.
“A acreditação estabelece uma série de procedimentos e protocolos que as instituições adotam para reduzir falhas e otimizar todo o processo, garantindo maior segurança ao paciente. A campanha deste ano é extremamente eficaz, destacando-se pelo foco na melhoria do diagnóstico, que representa um dos maiores desafios do setor, onde um diagnóstico correto e oportuno pode ser crucial para salvar vidas. Sem dúvida, a ONA – Organização Nacional de Acreditação – desempenha um papel fundamental nesta iniciativa”, destaca Gilvane Lolato, gerente de Operações da ONA.
Acreditação das instituições de saúde no Brasil
O processo de acreditação é voluntário. A instituição que se candidatar a ter uma acreditação passará por avaliação criteriosa por organismos de acreditação, como a ONA – Organização Nacional de Acreditação. Atualmente, das mais de 380 mil organizações de saúde no país, conforme Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), 1.712 são acreditadas por metodologias nacionais ou internacionais. A ONA detém 72,1% do mercado de acreditação, totalizando mais de 1.300 certificados, dos quais 424 são hospitais. Ao todo, 1.359 organizações são acreditadas pela ONA, sendo 68,4% de gestão privada, 22,2% de gestão pública, 8,3% da gestão filantrópica e 0,1% de gestão militar.
Programas de segurança dos pacientes na grade acadêmica nos cursos de medicina
Embora não haja dados exatos sobre o número de faculdades que oferecem especificamente programas ou cursos dedicados à “Segurança do Paciente”, algumas instituições de destaque no Brasil já integraram esses temas em seus currículos. Faculdades públicas renomadas, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) incorporam tópicos relacionados à segurança do paciente em seus cursos de medicina.
Essas instituições reconhecem a importância de preparar futuros médicos para enfrentar desafios relacionados à segurança dos pacientes, promovendo a conscientização e a prática de protocolos de segurança desde o início da formação acadêmica. No entanto, ainda há espaço para a expansão e o fortalecimento desses programas em outras faculdades, a fim de garantir que todos os profissionais de saúde sejam bem preparados para contribuir para a segurança e qualidade do atendimento.
Jornal O Comunitário – Da Redação/Assessoria
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