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JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS: Registro tardio garante cidadania a brasileiros que vivem na fronteira
Publicado
2 semanas agoem
Por:
Celso Antunes
“Eu queria a segunda via porque o meu documento já é muito velhinho”

A certidão de nascimento é o primeiro documento oficial de um ser humano no Brasil, o que abre portas para ter acesso a todos os direitos e deveres de um cidadão. Mas, na região de fronteira, é comum encontrar pessoas que vivem por anos apátridas. Na manhã desta quarta-feira (02 de julho), o registro tardio foi um dos serviços mais procurados no mutirão trazido pela Expedição Justiça Sem Fronteiras, do Poder Judiciário de Mato Grosso, para a população da Agrovila Nova Esperança e entorno, em Cáceres.
Luiz Henrique, 15, estudante da Escola Estadual 12 de Outubro, onde os atendimentos do projeto ocorreram, foi um dos beneficiados com o registro tardio. Os pais dele, Luiz Antônio Trindade da Silva, 37, brasileiro, trabalhador rural, e a boliviana Edna Mendes Lopez, 31, dona de casa, buscaram a equipe do Cartório do 2º Ofício de Cáceres, presente na expedição, para regularizar a situação do filho, que até então viveu apenas com a declaração de nascido vivo da maternidade.
“Foi ótimo! Foi excelente para eu ter conseguido tirar esse documento do meu filho”, disse Luiz Antônio. “Estou muito feliz porque consegui tirar o documento do meu filho. Agora vamos atrás dos outros, recebi as orientações tudo certinho. Achei muito bom! Graças a Deus que o atendimento veio aqui perto pra nós”, comemorou Edna.
Luiz Antônio e Edna têm cinco filhos: Luiz Henrique, Natália, José Alfredo, Letícia e Lucas Gabriel. Desses, somente o caçula era registrado até então. A família vive na Corixa (última comunidade antes de chegar na Bolívia). E Luiz Antônio atribui a falta de documentação à distância e à dificuldade de locomoção (os únicos meios de transporte na região são carro próprio ou táxi). “Fica meio difícil para nós ir para a cidade para tirar, né? A gente vai só quando é época de compra mesmo”, explica.
No entanto, acompanhando o atendimento da família, percebe-se que a falta de informação também é um fator que impede o pleno exercício dos direitos sociais. Dos quatro filhos sem registro de nascimento, somente Luiz Henrique obteve o documento. Seus irmãos, registrados na Bolívia, têm direito à cidadania brasileira devido ao pai ser natural de Cáceres (MT), porém, o procedimento para registro é diferenciado, como foi explicado aos pais pelo tabelião do 2º Ofício de Cáceres, Juliano Alves Machado.
“Com relação aos bolivianos, a gente encara, aqui em Cáceres, um problema com o registro tardio, que é ter a certeza se são filhos de brasileiros, se realmente ainda não têm registro ou se têm registro na Bolívia”, relata. O cartorário conta que os casos de registros tardios demandam investigação para comprovar o local de nascimento da pessoa. “Atendemos pelo menos um caso assim por semana. É uma demanda relativamente alta, com relação a outros cartórios no estado. Mas a gente tem dado andamento em todos e, aqueles em que pairam alguma dúvida, a gente faz o encaminhamento para o Fórum, para instrução processual”, informa.
No entanto, no Justiça Sem Fronteiras, houve a possibilidade de elucidação de alguns casos que se apresentaram. Isso por conta da presença de representantes de diversas instituições parceiras, como Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Estadual e da União, Procuradoria-Geral da União, Conselho Tutelar. “A gente trabalha há vários anos com a Justiça Comunitária e eu digo que sou parceiro e não abro mão disso. Ter todos os órgãos aqui junto conosco é muito bom porque a gente faz esse cruzamento de dados entre Defensoria Pública, Ministério Público, Justiça Federal”, informa.
Segunda via de certidão de nascimento
Outra grande demanda atendida graças à presença da Expedição Justiça Sem Fronteiras na Agrovila Nova Esperança foi a segunda via de certidão de nascimento. A aposentada Inácia Jaime, 70, moradora da Corixa, é um exemplo. “Eu queria a segunda via porque o meu documento já é muito velhinho”.
Em relação ao atendimento recebido no mutirão, onde a aposentada também tirou dúvidas com o INSS, dona Inácia conta que soube pelo vizinho que haveria a oportunidade. “Achei muito bom porque, quando eu vou em Cáceres, não dá tempo de fazer tudo isso e, muitas vezes, tudo é pago e o salário que eu recebo não dá para fazer tudo… Eu vou só dia de receber a aposentadoria. É difícil porque eu pago táxi”, relata.
Orientações
O cartorário Juliano Alves Machado explica que os filhos de brasileiros (mesmo que somente o pai ou a mãe), se nascidos no exterior e com registro no país de nascimento, que queiram obter o registro brasileiro, podem fazer o apostilamento de Haia. Em seguida, solicitar a tradução por tradutor público juramentado e, por fim, realizar a inscrição no livro do cartório.
Juliano explica que o apostilamento de Haia “é um registro que tem em 115 países no mundo inteiro, que autenticam os documentos uns dos outros. Então, o documento da Bolívia tem valor no Brasil e vice-versa, e mais 113 países pelo mundo”.
Outra opção é a legalização consular, mas o procedimento feito no cartório é mais acessível, conforme Machado. “Facilitou muito! Foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça aqui no Brasil”, informa.
Ao longo de todo o dia de mutirão na Agrovila Nova Fronteira, o Cartório do 2º Ofício de Cáceres realizou cerca de 50 atendimentos, sendo em torno de 30 efetivados e outros 20 encaminhados para posterior conclusão.
Jornal O Comunitário News – Da Redação/Assessoria
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