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Polícia

Oficial da PM é exonerado após agredir soldado com ofensas racistas durante confraternização em Brasnorte/MT

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Caso escancara violência institucional e levanta debate sobre direitos humanos nas forças de segurança

Exoneração na PM de Mato Grosso: Capitão é acusado de agredir e humilhar soldado com ofensas racistas durante confraternização em Brasnorte. O caso levanta preocupações sobre abuso de autoridade, violência institucional e violação de direitos humanos dentro das forças de segurança – FOTO: Reprodução/Adaptação – Celso Antunes

Uma confraternização entre policiais militares terminou em violência, humilhação e acusações de racismo, envolvendo um oficial de alta patente e um soldado subalterno. O episódio ocorreu na madrugada de quarta-feira (18), em um posto de combustíveis no centro de Brasnorte (MT), e já mobiliza a Corregedoria da Polícia Militar, entidades de classe e defensores dos direitos humanos.

O capitão Cirano Ribas de Paula Rodrigues, então comandante do 1º Pelotão da PM no município, foi flagrado em vídeo humilhando, xingando e agredindo fisicamente um soldado da corporação. Entre as ofensas proferidas, estão expressões de cunho racista como “cachorro e preto senta no chão”, além de insultos à honra pessoal e familiar da vítima. O oficial ainda destruiu o celular do soldado após perceber que estava sendo filmado.

Além da agressão física — com uso de um golpe tipo “mata-leão” —, o capitão incitou o soldado e seu irmão, também militar, a um confronto nos fundos do local, onde não haveria câmeras, agravando o caráter de abuso de autoridade e coação.

Um caso que ultrapassa os limites disciplinares

Embora o comando da PM tenha exonerado o capitão da função de comando poucas horas após o ocorrido e aberto um processo administrativo, o episódio ultrapassa as fronteiras da disciplina militar e adentra o campo dos direitos fundamentais.

O comportamento do oficial afronta diretamente os princípios constitucionais que regem o serviço público, como a dignidade da pessoa humana, igualdade racial e respeito às hierarquias sem opressão. O uso de linguagem racista e degradante por parte de uma autoridade dentro de uma instituição armada representa uma grave violação dos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção Interamericana contra o Racismo.

Entidades reagem: “Inaceitável dentro das forças do Estado”

A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso (ACS-MT) manifestou repúdio público e ofereceu assistência jurídica ao soldado agredido. “Não é apenas um problema interno. É uma questão de saúde institucional, de moral e de respeito aos direitos básicos dos policiais. Não podemos permitir que o uniforme seja usado para submeter um colega à tortura moral e física”, disse em nota.

Organizações da sociedade civil, ligadas à defesa de direitos humanos, também cobraram uma atuação firme do Ministério Público e o envolvimento de ouvidorias independentes. O caso reacende o debate sobre o racismo estrutural e os mecanismos internos que ainda dificultam denúncias dentro da própria corporação.

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Rumo à responsabilização

O capitão poderá responder não apenas na esfera administrativa, mas também criminalmente. Entre os crimes possíveis estão: lesão corporal, injúria racial, abuso de autoridade e destruição de bem alheio. A Justiça Militar e o Ministério Público Militar devem ser acionados nos próximos dias.

Enquanto isso, o soldado e sua família seguem recebendo apoio psicológico e jurídico. Para especialistas, mais do que punir o agressor, o caso deve servir como alerta e motor de transformação dentro das instituições militares, muitas vezes marcadas por uma cultura hierárquica que encobre abusos.

Editorial

Urge que casos como este não sejam tratados como “desvios de conduta isolados”. Eles refletem uma estrutura que ainda tolera o autoritarismo disfarçado de disciplina. O respeito aos direitos humanos começa dentro das forças do Estado — e é nesse espaço que ele precisa ser mais protegido.

Jornal O Comunitário News – Da Redação

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