Polícia
Restrição de armas, a visão controversial do governador Mauro Mendes sobre o Decreto Federal
Governador de Mato Grosso critica as restrições no uso de força policial e defende uma política mais rígida para combater a violência no Brasil
Nos últimos dias, o Brasil assistiu a uma polêmica acirrada em torno de um decreto federal que impõe restrições sobre o uso de armas de fogo pelas forças de segurança pública. O novo regulamento, que visa limitar as ações das polícias, gerou reações fortes, principalmente de governadores e especialistas em segurança, que temem que ele fragilize a atuação policial no combate à violência crescente no país.
Em um pronunciamento contundente, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, posicionou-se firmemente contra o decreto, chamando-o de “absurdo” e “factoide”. Para Mendes, o governo federal, ao restringir o uso de força pelas polícias estaduais, não apenas ignora as complexidades do sistema de segurança pública, como também tenta atribuir à Polícia Militar a culpa pelos índices de violência alarmantes no país.
Em entrevista à Jovem Pan News, no último sábado (28), Mendes foi enfático: “Mato Grosso não vai se submeter a essas orientações restritivas em troca de ‘dinheirinho’”, referindo-se à promessa de repasses federais que seriam condicionados ao cumprimento do decreto. O governador afirmou que o estado continuará a seguir sua política de “Tolerância Zero” em relação ao crime, que visa adotar medidas mais rigorosas contra a criminalidade.
“Eu discordo completamente dessa estratégia de querer fazer um grande debate sobre a Polícia Militar, como se ela fosse a causadora da violência e da insegurança. Para mim, isso é um absurdo”, declarou, em claro descontentamento com a ideia de que os policiais sejam os responsáveis pela escalada da violência, e não os criminosos ou a falta de políticas públicas efetivas.
O decreto e a questão da segurança pública
O decreto federal, além de impor restrições sobre o uso de armas, estabelece que as forças de segurança não devem utilizar armas de fogo em situações envolvendo indivíduos desarmados ou em perseguições a veículos que desrespeitem bloqueios policiais. Embora a adesão dos estados às novas normas não seja obrigatória, o governo federal vinculou o repasse de recursos para a segurança pública à implementação dessas restrições.
O governador, no entanto, fez questão de salientar que, para Mato Grosso, a dependência dos repasses federais é secundária diante do enorme investimento estadual em segurança pública. “Os recursos que nós, como estado, investimos são muito maiores do que qualquer repasse federal. Prefiro abrir mão do ‘dinheirinho’ a ter que adotar uma política que não contribui em nada para melhorar a segurança para o cidadão”, afirmou, criticando a ineficácia de políticas que, segundo ele, não atacam as raízes da violência.
A defesa da Polícia Militar
Mauro Mendes também aproveitou para defender a atuação da Polícia Militar, destacando o compromisso e a seriedade dos profissionais de segurança no estado e no Brasil. Ele ressaltou que, embora existam casos isolados de desvios de conduta, a grande maioria dos policiais militares são cidadãos comprometidos com o bem-estar da sociedade. “É uma minoria, praticamente insignificante, que age fora dos padrões de conduta. A grande maioria dos policiais é formada por pessoas que trabalham incansavelmente para garantir a segurança”, afirmou.
Reflexão sobre o papel do Estado e da polícia
A questão central do debate, porém, não está apenas nas discordâncias sobre o decreto em si, mas nas profundas divergências sobre como o Brasil deveria enfrentar a crescente violência. Enquanto o governo federal aposta em uma abordagem mais restritiva, com o objetivo de reduzir o uso excessivo de força pelas autoridades, críticos, como o governador de Mato Grosso, defendem a adoção de políticas mais agressivas contra o crime, em consonância com o princípio de que a resposta à violência deve ser mais firme e abrangente.
A discussão sobre a segurança pública no Brasil, especialmente a atuação das polícias militares, revela uma sociedade polarizada sobre qual deve ser o caminho para garantir a proteção do cidadão. Se, por um lado, a sociedade clama por mais segurança e o endurecimento das políticas de combate ao crime, por outro, as autoridades buscam equilibrar essa necessidade com o respeito aos direitos humanos e a prevenção de abusos. Nesse cenário, o decreto federal sobre a restrição do uso de armas parece ser mais uma peça em um tabuleiro complicado, no qual as diferentes esferas de poder buscam afirmar suas visões e definir o futuro da segurança pública no país.
Em um Brasil onde a violência é uma das principais preocupações da população, o impasse sobre as políticas de segurança pública reflete uma luta por paradigmas divergentes de justiça e ordem social. A crítica de Mauro Mendes ao decreto federal é, assim, não apenas um reflexo de seu posicionamento político, mas também um chamado para repensar as estratégias do país no enfrentamento à violência. A busca por soluções eficazes continua sendo um desafio constante, e enquanto o debate persiste, a sociedade brasileira permanece ansiosa por respostas que garantam a verdadeira segurança e o bem-estar de todos.
Jornal O Comunitário – Da Redação/Lucas Rodrigues (Secom/MT)
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