Artigo
Tudo foi paralisado
BID-Pantanal
Fala-se que os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pretendem trazer de volta o Programa BID- Pantanal. O que foi esse programa e porque o mataram?
Sua discussão começou em 1995. Previa investimento de 400 milhões de dólares no Pantanal dos dois estados em infraestrutura, estudos e saneamento para as cidades que margeiam rios que correm para aquele ecossistema.
O BID ou Banco Interamericano de Desenvolvimento entraria com 200 milhões de dólares, o governo do Japão com 100 milhões de dólares, o governo federal com 56 milhões e os dois estados com 22 milhões de dólares cada um.
No Governo FHC, se falava até que a União poderia absorver aquela quantia que os estados teriam que colocar no programa. Tudo foi aprovado em 2001, incluindo a decisão do Senado sobre o assunto. Parcela de 10 milhões de dólares tinha até sido liberada.
Em 2003, tudo foi paralisado. Nunca ninguém explicou claramente o que houve com o Programa. Só tem especulações. Uma é que o novo Governo em Brasília estava com dificuldade econômica e resolveu não colocar a sua contrapartida.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi ao MS e lá falou que seria criado outro programa para o Pantanal pelo novo governo.
Aqui, a alegação do Governo Maggi foi que se colocaria muito dinheiro em pesquisa. Se olharmos o assunto pelo retrovisor da historia as desculpas eram muito fracas.
O desembolso pelo governo federal seria parcelado e ao longo de anos. Dava para passar o momento de arrumação econômica e continuar com o programa. Aquela de que havia muito dinheiro para pesquisa é até risível.
No programa constava a destinação clara dos recursos, pesquisa era um dos itens.
Foi um equívoco geral, incluindo da bancada federal e estadual. Ninguém levantou um dedo parta protestar pela perda de um dinheiro já garantido e a fundo perdido.
O dinheiro do BID e dos japoneses e não precisariam ser pagos. Seriam, no dólar de agora, mais de 1.6 bilhões de reais. MT teria 800 milhões ou um Fethab inteiro somente para ajudar o Pantanal do estado.
Imagine Cuiabá, Várzea Grande e Cáceres com um sistema de saneamento adequado.
É preciso dizer que as lideranças políticas desses lugares, que haviam ajudado a eleger o governo que entrava, não falaram nada sobre a morte do BID-Pantanal.
A versão mais aceita para a morte daquele programa é que fora gestado e criado nos governos FHC e Dante. E, como é na burra política nacional,se o adversário político pode faturar dividendo com uma ação o melhor é matá-la.
Os novos no poder não queriam esse carimbo e mataram o programa com a fala de que viria outro. Estamos esperando até ontem.
Aqui no estado (Zeca do PT não abriu o bico também) lideranças políticas prejudicaram suas próprias cidades só para machucar a adversário político. Provocaram um atraso de décadas em saneamento e ainda saíram cantando de galo.
E fica tudo por isso mesmo.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador eanalista político em Cuiabá.
pox@terra.com.br
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