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DIÁLOGO
Fórum em Corumbá sobre
a Hidrovia Paraguai/Paraná
Jornal Oeste
O inequívoco interesse e oportunidade de que se reveste este Fórum, não só porque responde às preocupações e anseios de um grande número de entidades públicas e privadas, mas também porque será franqueado um privilegiado espaço de reflexão e debate sobre essa importante matéria que muito beneficiará a população pantaneira.
Em suma, o evento visa estabelecer uma discussão salutar, no intuito de conjugar as potencialidades econômicas que o Rio oferece, sem descuidar da sua preservação, para que essa alavancagem intermodal, logo – econômica, seja não só benéfica, mas, sobretudo longeva.
Nesse sentido, na ocasião será lançado o Projeto “Cabeceiras do Pantanal”, uma iniciativa da Rede Matogrossense de Televisão e do Instituto do Homem Pantaneiro, que servirá de esteio aos debates, pois, não se pode pensar em transporte hidroviário sem a preservação dos rios.
Oportuno se toma dizer que a Hidrovia do Paraguai é fundamental para o desenvolvimento do Mercosul.
No presente, o transporte no Rio Paraguai é limitado a um número restrito de commodities, principalmente minérios e açúcar, segundo dados do Ministério dos Transportes.
Um número potencial de commodities adicionais poderia ser transportado pelo Rio Paraguai, sendo as commodities mais promissoras: soja, farelo de soja e milho.
A região de Cáceres no Mato Grosso, por exemplo, tem uma área de atendimento que cobre um raio de 500 km, correspondendo atualmente à produção de aproximadamente 12 milhões de toneladas de grãos.
Somente se o trecho entre Cáceres e Corumbá for melhorado (dragado), e as conexões entre as regiões de produção no Mato Grosso e o terminal próximo a Cáceres forem otimizadas, uma parte substancial de soja e/ou milho poderia ser transportada pelo rio Paraguai. Além do mais, a carga de retorno (por exemplo, fertilizantes) seria de interesse para a navegação no Rio Paraguai, uma vez que poderia ser realizada com menor custo, uma vez que os comboios teriam de retornar a Corumbá de qualquer forma.
Mas a grande contrapartida da ampliação do sistema hidroviário de transporte é a maior competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, bem como o desenvolvimento regional das diversas áreas envolvidas no processo. Quando há uma estrutura de transporte mais organizada, os custos diminuem, aumentando a competitividade brasileira, gerando mais desenvolvimento.
Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), somente o Estado de Mato Grosso tem uma movimentação atual de grãos da ordem 27,5 milhões de toneladas (equivalente a 14,9% da produção) e um potencial para 40,3 milhões de toneladas (cerca de 60% da produção). A movimentação atual de grãos gira em torno de 200 mil toneladas, sendo que a capacidade de transporte de grãos é de três milhões de toneladas e capacidade total de transporte seria de 15 milhões de toneladas, caso fossem feitos os investimentos em dragagens/derrocamentos e sinalização.
Em tempos de rarefeitas perspectivas no cenário econômico do País, o Fórum surge como uma oportuna iniciativa, oferecendo a possibilidade não só de discutir de maneira ampla os diversos interesses atinentes ao transporte hidroviário no Rio Paraguai, mas também de construir novos entendimentos e iniciativas, permitindo que se possa vislumbrar um quadro prospectivo bem mais favorável que o atual.
O Fórum contará com a participação efetiva de representantes do Governo Federal, Estadual e Municipal; entidades não governamentais; além de lideranças empresariais e acadêmicas. A programação do evento contemplará os seguintes assuntos: Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário, Licenciamento Ambiental, Políticas para o setor Hidroviário, Situação Atual do Acordo Hidrovia Paraguai-Paraná (HPP), dentre outros temas afins.