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POR DENTRO DA MATA: Êxodo de venezuelanos rumo aos EUA

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Em 2023, dos 248 mil que se arriscaram na selva de Darién, mais da metade saiu da Venezuela; 21% são crianças e adolescentes

A fila puxada pelos venezuelanos também inclui haitianos, equatorianos, cubanos e até brasileiros – Foto: Estado de São Paulo

O número de migrantes que cruzou o Estreito de Darién, um perigoso trecho de selva entre Colômbia e Panamá, rumo aos EUA, ultrapassou 248 mil nos primeiros sete meses do ano, superando o total de 2022, que já havia sido recorde. A metade saiu da Venezuela.

A crise econômica e de segurança continua impulsionando a migração para os EUA, apesar dos esforços americanos para conter o fluxo. Segundo dados oficiais do Panamá, 21% dos 248 mil imigrantes que entram no país por Darién são crianças ou adolescentes.

O aumento ocorre apesar de um acordo entre EUA, Colômbia e Panamá de investir para reduzir a pobreza e criar empregos nas comunidades da fronteira colombiana e panamenha – o que até agora não surtiu efeito. A fila puxada pelos venezuelanos também inclui haitianos, equatorianos, cubanos e até brasileiros.

O aumento chamou atenção em 2022, quando o Panamá registrou um fluxo acima da média de migrantes utilizando o caminho de Darién, marcado por sequestros, roubos e pessoas perdidas na selva úmida.

RISCOS

Na época, especialistas explicaram que o endurecimento das regras nos EUA favorecia a migração por Darién. Antes, muitos migrantes viajavam de avião até o México ou para outro país mais perto da fronteira. Mas uma mudança na política americana de vistos aumentou os preços e o tempo, tornando a viagem inviável.

A ONU projeta que, se o ritmo continuar, 400 mil devem cruzar Darién até o fim do ano. Centenas de pessoas já desapareceram na selva, mas é difícil precisar um número de mortos. Os EUA ainda tentam reduzir a imigração. Em outubro, Washington limitou o número de vistos para venezuelanos em 24 mil, passando a exigir entrada por avião e indicação de alguém para mantê-los dentro do território americano.

A ação reduziu o número de venezuelanos na selva, de 40 mil, em outubro, para menos de 700, em novembro. Mas os números voltaram a subir em fevereiro, com 7 mil venezuelanos na rota, e mais de 20 mil no mês seguinte.

TRAVESSIA

O que preocupa especialistas é que cada vez mais famílias se lançam na selva. O perfil, que antes era de homens jovens e com boa saúde para enfrentar a rota, agora é de mulheres, crianças e idosos, que correm risco de desidratação, violência sexual e roubos em uma região conhecida pela presença de criminosos.

Em média, a travessia leva de sete a dez dias, podendo durar até duas semanas para pessoas com mobilidade reduzida, como crianças e idosos. Ao chegar do outro lado, na cidade de Bajo Chiquito, no Panamá, os sobreviventes estão em péssimas condições de saúde, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, que abriu um posto na região. Ainda assim, eles seguem a pé e de ônibus até o México. A medida que se aproximam dos EUA, as rotas se tornam mais complexas, segundo Heydi González, da Organização Internacional para as Migrações. Os motivos que levam essas pessoas a se lançarem na floresta são variados. No caso dos venezuelanos, muitos fogem da ditadura ou têm família nos EUA. Há também os que migram para sustentar parentes. “São pessoas que vivem um sofrimento inimaginável”, disse Martha Keays, diretora da Cruz Vermelha no Panamá.

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Carolina Marins / AFP, EFE e AP

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