Política
LIXÃO EM CÁCERES
Meio Ambiente e Agronegócio
Lixão empana beleza de
“Província Serrana”
em Mato Grosso
João Arruda – 24hs News
Fotos – Ana Lúcia
Um dos mais belos cartões postais do estado no município de Cáceres, a 210 quilômetros a Oeste de Cuiabá, área de serras conhecida como “Provincia Serrana” onde se situam os riachos Piraputanga e Pita Canudo e ainda a famosa Dolina da Agua Milagrosa, está com seu entorno totalmente comprometido com depósito de lixos industriais e domésticos praticamente a céu aberto. Até mesmo lixos hospitalares são desovados naquela área conforme imagens captadas pela fotógrafa Ana Lucia Fornanciari.
O local é cortado pela MT 343, está a 12 quilômetros do setor urbano de Cáceres. Alvo de vários documentários como Globo Repórter e Fantástico, e ainda rede de importantes emissoras de TVs do Japão e da Alemanha já gravaram nesse local, que tem atualmente um cenário desolador, de paraíso passou a ser um dos maiores criatórios de moscas e de outros insetos.
Não bastasse o enxame de moscas varejeiras que se apossou da área, todo chorume escorre livremente e por gravidade ganha as águas do Córrego Pita Canudo que ziguezagueia entre os morros até tributar suas águas contaminadas no ribeirão Piraputanga, este por sua vez ainda reserva imensos cardumes da espécie que lhe batiza “Piraputanga” até desembocar no rio Paraguai, o principal formador do Pantanal Mato-grossense.
Nessa região estão diversas pousadas voltadas para ecoturismo rural, mas a clientela que outrora fomentava o negócio está aos poucos migrando para outras áreas, longe das moscas e do lixão que empana a beleza da área. Os donos de sítios e fazendas já sinalizam com protestos, inclusive conforme apurou a reportagem tendem a trancar as duas rodovias federais de Cáceres (BR 070 e BR 174) no ponto em que ambas fazem junção ao pé da Ponte Marechal Rondon.
A gravidade da situação já chegou a Câmara Municipal, sendo que três vereadores Edmilson Campos (PR); Domingos Oliveira(PSC) e Alvasir Alencar (PP) se comprometeram a buscar uma saída juntamente a prefeitura local e órgãos de fiscalização ambiental visando providências imediatas enquanto o problema não se torne irremediável.
Os parlamentares citam que o local além de ser considerado um dos principais atrativos para turistas, é também procurado para lazer em dias de feriados e finais de semanas.
Os refeitórios nas propriedades vizinhas a essa área estão sendo necessária a utilização de telas para isolar os insetos.
De acordo com cientista José Henrique Guimarães, da USP que as moscas varejeiras cuja espécie principal é a Cochliomya hominivorax. Ela, segundo Guimarães utiliza a vítima qualquer animal de sangue quente, incluindo o ser humano – como hospedeiro de sua prole, depositando ovos onde houver uma ferida aberta.
O educador Alacir Fonseca Montecchi que possui uma pousada na área, relata que os animais como equinos e bovinos são os mais prejudicados atualmente. Segundo Montecchi a proliferação desse inseto tem atormentado não somente as pessoas, mas principalmente os animais. Ele atribui ao depósito de lixo o crescimento assombroso dos insetos e a contaminação de todo manancial hídrico.
