Filiado ao Solidariedade (SD) de Mato Grosso desde março deste ano, o ex-governador Pedro Taques lançou candidatura ao Senado Federal, na noite desta quarta-feira (16), no modus operandi do individualismo que caracteriza sua carreira na política. Numa articulação com lideranças nacionais do partido, Taques deu uma rasteira em seus correligionários que dirigem a sigla em Mato Grosso, que mantinham conversas avançadas com outros pré-candidatos ao cargo na eleição suplementar, que será realizada em novembro.
Mesmo respondendo a processos judiciais por conta da dívida milionária que deixou de sua campanha fracassada ao Paiaguás em 2018 e sem nenhum tipo de apoio político-partidário, Taques peitou os dirigentes do Solidariedade em Mato Grosso, prefeito José Carlos do Pátio e deputado federal Leonardo Albuquerque – que foram totalmente contra à nova candidatura do ex-governador – e lançou-se sozinho à eleição suplementar.
O evento, que não anunciou suplentes, ocorreu sem a presença de nenhuma das lideranças do SD no Estado.
Internamente, comenta-se que a artimanha de Taques ao lançar candidatura ao Senado seja para utilizar a verba de fundo partidário para quitar os débitos que herdou da última eleição, quando tentou se reeleger governador, mas amargou o quarto lugar – perdendo inclusive para brancos e nulos.
O ex-governador, que já ocupou cadeira no Senado, mas abandonou o mandato pela metade para assumir o Governo de Mato Grosso, terá de enfrentar ainda a possibilidade de impugnação de sua candidatura pela Justiça Eleitoral. Isto porque, no início deste mês, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) aplicou multa de R$ 50 mil a ele e determinou, por maioria, a anotação de inelegibilidade pela realização de três edições da Caravana da Transformação.
A anotação não deixa Taques inelegível de maneira automática, mas deve ser analisada caso ele tente se candidatar a qualquer cargo eletivo.
Taques ensaiava seu retorno à vida pública desde o ano passado, quando a cassação da ex-senadora Selma Arruda (PODE) foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). À época, ele estava filiado ao PSDB e tentou ‘fritar’ seu então colega tucano Nilson Leitão, que já havia sido confirmado como candidato à cadeira no Senado pelo partido.
Contrariado pelos dirigentes do PSDB, que decidiram manter a candidatura de Leitão, o ex-governador deixou a sigla onde militava desde 2015 – quando rompeu com o PDT.
Vale lembrar que a saída de Taques da sigla brizolista, que o elegeu governador de Mato Grosso em 2014, também ocorreu sob forte desgaste. À época, a crise resultou no rompimento da amizade que ele mantinha com o ex-deputado Zeca Viana e o atual vice-governador Otaviano Pivetta.