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SITUAÇÃO: “Aqui não é zona” – “então quis insinuar que eu era uma prostituta”
Publicado
4 anos agoem
Por:
Celso Antunes

Jovem recebe carta de vizinho reclamando das roupas usadas por ela em condomínio do Paraná — Foto: Arquivo pessoal/Ana Paula Benatti
Jovem recebe carta de vizinho
reclamando das roupas usadas
por ela em condomínio no
Paraná: ‘Aqui não é zona’,
afirma morador
No texto, remetente anônimo disse que a jovem deveria se dar o respeito porque ‘como homem e pai de família’ ficou com vergonha. Ana Paula Benatti, que trabalha como escriturária hospitalar, registrou um boletim de ocorrência.
[dropcap]A[/dropcap] jovem Ana Paula Benatti, de 22 anos, foi surpreendida com uma carta embaixo da porta (leia a íntegra acima), enviada por um vizinho, reclamando das roupas usadas por ela no condomínio onde mora, em Iguatemi, distrito de Maringá, norte do Paraná. No texto, o morador afirmou que ela deveria se dar o respeito porque ele, “como homem e pai de família”, ficou com vergonha.
A jovem, que trabalha como escriturária hospitalar, contou que se sentiu muito humilhada devido às ofensas feitas por essa pessoa. O caso ocorreu na sexta-feira (7) e ela registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil na terça (11).
Ana Paula contou que se mudou para o condomínio em 1º de maio e que ainda não conheceu nenhum outro morador. Ela viu a carta, que estava dentro de um envelope preto, após chegar do trabalho, por volta de 18h.
“A princípio pensei que era algo de boas-vindas ou relacionado à mudança. Na hora que li aquelas palavras comecei a sentir repulsa, nojo, comecei a chorar muito porque não queria acreditar naquilo”, disse a jovem.
O que diz a carta
Na carta, o morador afirmou que no local moram várias pessoas casadas e de várias religiões, por isso ela deveria “usar roupas adequadas”. Veja um trecho do texto:
“Senhora 102, gostaríamos que tivesse o pudor e decência de usar roupas adequadas nas dependências do condomínio. Aqui mora gente de família, então por favor dá-se o respeito. Muda o jeito de se portar neste lugar ou vamos conversar com a dona do apartamento. Aqui não é zona não! Obrigado”.
Ana Paula chegou a publicar a carta nas redes sociais, afirmando estar totalmente abalada com o ocorrido.
“Quando eu li a carta pensei ‘vou fingir que não aconteceu, vou jogar fora, vou seguir minha vida’, só que depois eu pensei ‘o que eu fiz de errado?!’. A pessoa cita que não sabe da onde eu vim mas que lá não é zona, então quis insinuar que eu era uma prostituta. Eu trabalho na UTI de um hospital. Mas mesmo que eu fosse o que ele sugere, não teria direito algum de falar isso”, disse.
E ela complementou: “A minha postagem foi um desabafo, para as pessoas verem que era recente que eu tinha me mudado e a recepção foi a falta de educação, de respeito, me julgando sem nem me conhecer”.
Ana Paula publicou a carta nas redes sociais afirmando estar abalada com o ocorrido — Foto: Reprodução

A jovem contou que, no dia seguinte à situação, responsáveis pelo condomínio foram falar com ela.
“Me deram apoio, falaram que vão ajudar no que precisar. O síndico comentou que todos os moradores serão notificados. Na quinta, vou com o meu advogado olhar as imagens das câmeras para ver se conseguimos alguma pista do responsável. O delegado ficou com a carta como prova do crime de calúnia e difamação”, explicou ela.
‘Me senti vigiada’
Ana Paula disse que as únicas vezes que circulou pelo condomínio foi para sair de casa pelo portão, que, segundo ela, fica a cerca de cinco metros da entrada do bloco dela.
“Nas vezes que eu saí de casa foi para abrir o portão e voltar para dentro do apartamento. Fora isso, eu não tinha andado pelo pátio do condomínio ainda, não tinha conhecido o lugar. Eu acho que, para ter me visto, estava realmente cuidando da minha vida, me seguindo, porque como sabia o horário certo de colocar a carta para eu não estar em casa? Como sabia qual apartamento eu morava? Me senti perseguida, vigiada e invadida.”
A jovem afirmou ter ficado muito assustada e decepcionada com tudo o que aconteceu, mas que a ação do vizinho não vai impedi-la de se vestir como quiser.
“Como eu trabalho no hospital, vivo com roupas de lá, mas em casa normalmente estou de shorts e blusa. Estamos em 2021 e ainda tem gente que julga por conta do que vestimos. Isso só reforça esse pensamento de ‘foi abusada porque estava com roupa curta’, ou ‘estava provocando’, e não é assim. Me assusta pensar que uma roupa pode ser a justificativa para um crime ou uma situação como essa que passei”, concluiu ela.
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