Financiamento de “Evento Político”: Show de Lula com Boulos recebe apoio financeiro e patrocínio

Evento do 1º de Maio, onde Lula pediu votos para Boulos, captou recursos via Lei Rouanet e teve patrocínio da Petrobras e apoio do Conselho Nacional do Sesi

No evento realizado em 1º de Maio deste ano, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou apoio para o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), uma parcela dos custos foi coberta através da Lei Rouanet. Segundo informações do Sistema de Acesso às Leis de Incentivo à Cultura (Salic), a produtora responsável pelo evento captou R$ 250 mil por meio dessa lei de incentivo à cultura. Este financiamento provém de uma instituição privada e é posteriormente deduzido dos impostos devidos pelo doador.

A Veredas Gestão Cultural, sediada no Rio de Janeiro, foi a produtora responsável pelo evento e obteve autorização para levantar até R$ 6,3 milhões ao cadastrar o projeto na Lei Rouanet. Entretanto, apenas uma entidade privada, a São Leopoldo Mandic, uma faculdade de medicina com sede em Campinas (SP), concordou em financiar o evento intitulado Festival Cultura e Direitos. Este evento contou com apresentações dos rappers Dexter, Afro X e Roger Deff, além dos pagodeiros Ivo Meirelles, Arlindinho e Almirzinho, com a apresentação a cargo de Sérgio Loroza e MC Pamelloza.

Durante o evento, Lula fez um apelo direto aos presentes para apoiarem Boulos, afirmando: “(Boulos) está enfrentando três adversários: nacional, estadual e municipal. Por isso, quero dizer a vocês, ninguém será capaz de derrotar este jovem se votarem em Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. Faço um apelo, cada pessoa que votou em Lula, em 1989, 1994, 1998, 2006, 2010 e 2022, deve votar em Boulos para prefeito de São Paulo.”

A transmissão do evento foi realizada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e estava disponível no canal oficial da empresa no YouTube, sendo posteriormente removida. No entanto, a transmissão ainda está disponível no canal de Lula. O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, afirmou ao Estadão que a fala de Lula não viola a lei eleitoral, destacando que se trata de uma manifestação política dentro dos limites permitidos pela legislação.

Lula expressou insatisfação com a baixa adesão do público durante o evento, observando que apenas a área próxima ao palco estava ocupada, e mesmo assim por pessoas ligadas às centrais sindicais. “Ele (Márcio Macedo) é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele: ‘Oh Márcio, o ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’. Mas, de qualquer forma, estou acostumado a falar para mil, um milhão de pessoas, mas também, se for necessário, falo apenas com a senhora maravilhosa que está aqui na minha frente para conversar com a gente”.

Além do financiamento via Lei Rouanet, o festival também recebeu apoio financeiro da Petrobras e do Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria). A Petrobras confirmou ter patrocinado o evento por meio do programa Petrobras Cultural, ressaltando que o patrocínio seguiu todas as exigências legais. “Com o patrocínio, a Petrobras busca reforçar sua imagem como apoiadora da cultura brasileira”, declarou a estatal. Por sua vez, o Sesi afirmou que “não apoia eventos políticos partidários” e esclareceu que o evento que apoiou foi o Ato do 1º de Maio unificado das centrais sindicais do país, destinado a celebrar a luta e organização dos trabalhadores e trabalhadoras.

Jornal O Comunitário – Da Redação

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