Artigo
Taxas de desconto interbancário infladas pela taxa SELIC
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA
A RETOMADA DO CRESCIMENTO
Não adianta o governo continuar com a linha de repasses via BNDES na tentativa de fomentar o investimento privado, como foi feito até 2015. Essa política já restou comprovadamente derrotada. Sucumbiu o país a uma armadilha de estagflação. O relaxamento da austeridade da política fiscal em que o governo passou a aumentar seus gastos correntes e transferências de recursos ao setor privado promoveu excesso de liquidez no mercado (excesso de dinheiro em circulação) o que induziu a inflação, forçando o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros – a SELIC – que induziu, no mesmo sentido, as taxas de juros interbancárias.
O resultado é que com as taxas de desconto interbancário infladas pela taxa SELIC, os papéis e títulos de renda fixa ficaram mais atrativos que a maioria dos investimentos produtivos.
Assim, quem pegou empréstimos no BNDES com os juros subsidiados de 5% ao ano, por exemplo, pôde aplicar em títulos DI com rendimentos reais de 10,53% ao ano, utilizando-se dos próprios empréstimos do BNDES, tomados a 5% ao ano e obtido taxa de retorno de 5,3% em cima dos recursos tomados nababescamente.
Está mais do que comprovado que, se os repasses do BNDES nos últimos 4 anos aumentaram em 2,7%, os investimentos das empresas do setor privado diminuíram exatos 2,7%. Isto é, apesar de o governo ter aumentado os repasses ao setor privado o setor privado respondeu com desinvestimentos. E para onde, então, foram estes recursos?
Ou foram utilizados pelas empresas como capital de giro, ou foram direcionados, por estes tomadores de empréstimos, ao setor financeiro.
Diante desta causalidade, desta conjuntura, não adianta o governo continuar levantando a dívida pública e acrescendo a ela este juro absurdo que já chegou a R$350,0 bilhões por ano (taxa implícita de 16,9% ao ano) para repassar às empresas, com o Banco Central sendo forçado a aumentar cada vez mais a taxa SELIC, dando ampla vantagem às aplicações financeiras.
Para retomar o incentivo eficiente e eficaz ao investimento privado a SELIC, que puxa todo o restante dos juros bancários, tem de voltar para uma casa decimal e ir ao encontro, novamente, da menor taxa básica real (descontada a inflação) do mercado.
E é por isso que se está dando uma ênfase tão grande na retomada do superávit fiscal. Não é simplesmente para garantir o pagamento dos agentes financeiros compradores de títulos públicos. Mas, para que o governo volte a gastar menos do que aquilo que arrecada, tenha a condição de pagar todo o juro da dívida, reduza o montante da dívida pública, enxugue o excesso de liquidez da praça para reduzir as pressões inflacionarias e abra espaço para que o Banco Central retome a diminuição da taxa básica de juros, incentivando, então, o investimento do setor privado na economia real.
São condições necessárias à retomada do crescimento da economia nacional.
Lesia
23 de janeiro de 2016 at 18:12
Realmente o Brasil deve se preocupar com o seu desenvolvimento.